No coração de Alcântara, em Lisboa, ergue-se a Lx Factory, um espaço onde o passado industrial se cruza com a atual identidade artística.
Nascida em 1838, a Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonenses, foi um dos maiores e mais importantes complexos industriais de Lisboa no século XIX, no setor têxtil e não só.
Num primeiro momento, com as atividades da fábrica espalhadas em diferentes espaços e impulsionado pelas queixas relacionadas com o mau funcionamento, entre 1846 e 1847, a direção da Companhia decidiu construir um edifício de raiz em Alcântara, que reunisse num só local as operações de fiação e tecelagem. A inauguração do espaço aconteceu a 4 de Abril de 1849.
Devido ao sucesso do novo espaço, nos anos seguintes, a Companhia continuou a expandir-se, construindo cinco novos edifícios em torno do edifício principal. O objetivo era instalar maquinaria que estava espalhada em outras zonas da cidade.
A Companhia desempenhou um papel crucial na evolução da indústria em Portugal. Foi palco do crescimento industrial, sobretudo na cidade de Lisboa, com máquinas a vapor e operários a moldarem o futuro. Na década de 1950, foi responsável pela edificação de um dos primeiros bairros operários do país, na Rua 1º de Maio.
Com a implantação da República e a crise de 1917, a Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense enfrentou sérias dificuldades financeiras, o que levou à sua dissolução. Após o encerramento, os edifícios foram vendidos a outras empresas, como a Companhia Industrial de Portugal e Colónias, que instalou uma fábrica de fermento, a tipografia Anuário Comercial de Portugal, e mais tarde a Gráfica Mirandela, que se tornou no último projeto industrial a operar no espaço. Durante mais de um século, estas paredes foram testemunhas da revolução industrial portuguesa.
Após anos de abandono, o espaço foi comprado pela Mainside em 2005 e transformado num polo cultural e artístico. Assim, nos 23.000 metros quadrados do antigo complexo industrial, é possível encontrar empresas criativas, restaurantes, lojas, galerias e espaços de eventos.
A Lx Factory abriu portas em 2008, numa altura em que o metro quadrado era negociado por menos de dois euros. Desde então, ao longo de pouco mais de uma década e meia, tem registado mudanças graduais, que passam pelo aumento significativo do preço do metro quadrado, o propósito do espaço e os seus públicos.
A Lx Factory preserva a essência de liberdade artística que sempre o caracterizou e adapta-se às novas exigências dos tempos modernos. Ao mesmo tempo, mantém viva a memória de uma era marcada pelo trabalho e progresso, consolidando-se como um epicentro de inovação, arte e cultura urbana.
“Os edifícios, como as pessoas, têm uma vida. Mas, ao contrário das pessoas, os edifícios podem viver para quase sempre. Depois de nascerem, viverem e serem vividos, podem encontrar uma vida nova. Uma nova verdade, escondida pelas possibilidades e pela eloquência do tempo”.
– Mainside
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Trabalho de: Catarina Rosado, Darya Zhekel, Helena Mendes e Narayanne Alves