O Chapitô

O Chapitô é uma das primeiras escolas de circo do país. É também uma Organização Não Governamental (ONG) que se baseia em três pilares: ação social, formação e cultura. Esta iniciativa foi fundada por Teresa Ricou, em 1981, período em que Portugal se encontrava desligado das artes e não tinha muitos espaços culturais.

Interaja com o mapa para conhecer o local onde se situa o Chapitô.


Raquel Vilhena, ex-aluna do Chapitô, revela em entrevista que a metodologia e a forma de ensinar dos professores da escola são muito diferentes do que até então tinha experienciado no ensino regular.
No Chapitô teve aulas de acrobacia, de circo, teatro, dança, entre outros. Durante as aulas, e junto dos professores, teve a oportunidade de fazer exercícios importantes para a sua autoconfiança, presença em palco e postura.

O espetáculo que a jovem mais recorda com carinho é o “Cabaré”, o primeiro número que fez sozinha. Já o figurino que destaca é um vestido preto com brilhantes. É também o primeiro figurino de sua autoria. Raquel Vilhena conta que depois de comprar a base para o vestido, dedicou-se à colocação de todos os brilhantes dispostos no mesmo.

Raquel Vilhena confessa que as maiores dificuldades da sua profissão são manter o foco e a paciência. No entanto, a sensação de estar no palco é o que mais a apaixona. Ademais, o processo de construção da cena é importante para a artista que vê no momento uma oportunidade de tornar a performance especial e a seu gosto.
Um dos seus objetivos é atuar no Coliseu dos Recreios no Circo de Natal, viajar em trabalho e continuar os estudos na área em países como a Holanda ou França.

Raquel Vilhena conta que recebe muitas mensagens positivas através das redes sociais. Apesar de já ter pensado em desistir da área por ser uma profissão desvalorizada, a jovem não pensa na possibilidade de ingressar num curso.

Pascoal Furtado, professor do Chapitô, dá aulas de acrobacia e técnicas circenses. Começou o seu percurso no teatro amador onde ouviu falar pela primeira vez da escola de artes circenses.
Posteriormente, realizou as provas de acesso que lhe permitiram a entrada na escola como aluno. Atualmente como professor, Pascoal afirma que o Chapitô o ajudou a soltar-se e a aprimorar a parte de ensinar. O professor recorda com apreço a entrevista de emprego que Teresa Ricou, principal mentora do espaço Chapitô, lhe deu.

O professor afirma que o respeito e a entrega são os ensinamentos que mais tenta passar em aula. Assegura ainda ser sincero com os seus alunos de forma a prepará-los para as exigências da carreira.

Além disso, Pascoal Furtado declara também que o Chapitô pode melhorar. Refere que a escola tem um projeto para um novo espaço, que neste momento está parado. A seu ver, este projeto pode trazer melhores condições tal como mais apoios.

O professor salienta que o processo de um profissional dentro da área muitas vezes é complicado, mas que o resultado compensa.
Para terminar, Pascoal Furtado conta que teve muitos bons momentos com o Chapitô e que, por isso, é difícil nomear um como favorito.

João Meneses, ex Diretor da Área Financeira e Administrativa trabalhou durante três anos no ramo de gestão do Chapitô. O Chapitô deu-lhe a oportunidade de experimentar o ambiente de uma ONG e de sair do lado mais corporativo da gestão. Este conta-nos as histórias da organização de outra perspetiva, do lado da gestão e do financiamento.


A produção começa com um mood board, fazem esboços e depois começam a costurar o figurino em si. Um dos objetivos do Chapitô passa pela reutilização dos figurinos. Procura-se a redução da pegada ecológica, já que produzir um figurino do zero é bastante prejudicial para o ambiente. Isto também faz com que não haja muitos figurinos em arquivo, porque vão sendo reutilizados. Também como são feitos a partir de materiais reutilizáveis, os próprios figurinos acabam por deteriorar-se muito mais facilmente e muito mais rápido.

Interaja com os figurinos para saber mais sobre o momento em que foram utilizados e conhecer a sua história e alguns espetáculos

Figurino criado em 2020 para uma mostra técnica dos alunos do primeiro ano dos cursos de Interpretação e Animação Circenses e Cenografia, Figurinos e Adereços. Foi criado por todos os alunos, uma peça de cada vez, colocada por cada um. Este figurino resulta da reciclagem e de patchwork, isto é, uma técnica que une tecidos diferentes. É um aori japonês, baseado na técnica de burô

Figurino utilizado em 2012 no Carnaval realizado no Rossio. Com inspiração no Memorial do Convento e no séc. XVIII. É um colete com um toque circense.

Figurino utilizado para o Carnaval no Castelo em 2016. Neste ano, o tema foi punks de vários países e este colete reciclado representa o Reino Unido.

Na entrevista com João Meneses percebemos que o carnaval é uma grande celebração no Chapitô e que este esteve sempre esteve ligado às artes circenses. O carnaval tem a ver com o riso e por isso o Chapitô leva-o muito a sério, o que é provado pela sua insígnia “Só quem não ri não é pessoa séria”.

Durante o carnaval também abandonamos as nossas identidades e as classes e sistemas sociais diluem-se, o que reflete também uma das lutas do Chapitô.

Figurino utilizado em 2021 para um exercício-espetáculo no teatro suspenso. Foi feito com macramé enquanto metáfora da prisão social em que nos encontramos. O figurino é composto por uma quantidade de cordas que eram puxadas e largadas quase numa onda pelos vários intérpretes, até o momento em que a personagem se libertava dessas cordas e ascendia. Quando se constrói um figurino, todo ele tem uma leitura dramatúrgica. Não pode ser uma coisa simplesmente que é bonita, tem de servir o espetáculo. Tem de ter um significante e um significado.

Este figurino resultou de um reaproveitamento e a ser feito a partir de várias utilizações. Após vários trabalhos, foi utilizado para construir um figurino para a Divina Comédia de Dante, para a personagem do Carote, em 2023. É um figurino construído a partir de saquetas. Foi novamente utilizado para o Carnaval de 2024.                              Espetáculos:

https://vimeo.com/827728348 – Divina Comédia

https://vimeo.com/920138510 – Carnaval 2024

Figurino criado para um espetáculo de Carnaval “Mitos, Medos e Sonhos” realizado em 2023. Baseado na cultura clássica, reimaginaram o Minotauro como um monstro que se cria com o fast fashion. Este casaco é construído com etiquetas e retalhos de preços. O resto do figurino é composto por umas calças de ganga, sapatos all-star e ainda pelo adereço da cabeça do minotauro.

https://vimeo.com/837981559 – Mitos, Medos e Sonhos

Figurinos realizados por alunos do primeiro ano, ainda em fase de montagem. Foram feitos a partir de tecidos de cortinados. Foram mais tarde utilizados na mostra técnica de 2024, de tema “Grito à Liberdade”.

Figurinos realizados por alunos do primeiro ano, ainda em fase de montagem. Foram feitos a partir de tecidos de cortinados. Foram mais tarde utilizados na mostra técnica de 2024, de tema “Grito à Liberdade”.

Por: Catarina Gerardo, nº 2021133158
Clara Meneses, nº2022128137
Gonçalo Carvalho, nº2021131952
Mariana da Silva Aleixo, nº2021132717
Rafaela Pires, nº2021129822

Paulo Nuno Vicente

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