Fado, meu velho amigo de infância,
Contigo já viajei o mundo, mas é nas minhas raízes que me sinto completo. Na Mouraria nasci e aprendi que sem o ti infeliz sou. Este sentimento não tem fronteiras e foi na Argélia que me estreei, deixando o teu rasto em todos os que marquei. A tua essência habita em cada esquina, em cada alma.
É contigo que partilho as minhas dores, que incorporo em cada momento o meu passado, as minhas turbulências.A paixão que agora se transforma em amarga saudade só encontra paz na melodia que emerge do teu ser.
É a tua espontaneidade que me abraça na melancolia da madrugada, onde dançam lado a lado a mudança e a esperança que fazem pesar o meu peito.
Das ilhas ao continente, encontro-me em cada harmonia. Pelo mundo fora corremos de mão dada e desbravamos o desconhecido. És tu que alimentas os meus desalentos e dissipas as mágoas que me destroem o peito.
Apenas posso desejar que a tua companhia continue a ecoar no meu coração até à minha última ambição,
O teu antigo companheiro de vida,
A.E.
A personagem ficcional António Eduardo foi encarnada pelo fadista Gustavo, na casa de fados Tasca do Chico de Alfama.