O Legado de António Pedro Vasconcelos

BIOGRAFIA

Nascido a 10 de março de 1939 em Lisboa, António Pedro Saraiva de Barros e Vasconcelos, o segundo de três filhos, foi um cineasta português de renome.

Filho do juiz Guilherme de Barros e Vasconcelos e da sua mulher Palmira Henriqueta de Carvalho Saraiva, António estudou Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e, ainda que não tenha terminado o curso, Filmologia na Universidade Sorbonne em Paris.

Ao longo da sua carreira no mundo do cinema, Vasconcelos foi-se tornando numa figura de destaque no cinema português notabilizando-se especialmente na habilidade de mergulhar na realidade do dia-a-dia português, de capturar as diversas complexidades das relações humanas, abordar temas, autenticamente e de forma cativante, como questões sociais e culturais. António-Pedro Vasconcelos não se limitava a contar histórias e as suas obras são marcadas por uma mistura de drama, crítica social e comédia.

Perdido por Cem é um filme lançado a 9 de abril de 1973 e foi um dos primeiros sucessos do cineasta. Esta obra aborda temas como a emigração portuguesa e a procura de melhores condições de vida no estrangeiro. Porém, foi com o filme Jaime, estreado a 11 de abril de 1999 que Vasconcelos ganhou maior reconhecimento a nível internacional. Este filme retrata a vida de um emigrante português em França e recebeu vários prémios, como o Prémio CICAE e Prémio Júnior no Festival de Cannes e três globos de ouro com os Prémios Melhor filme, Melhor Ator e Melhor realizador

Mais recentemente, o cineasta português produziu a série Os Imortais em 2003, Call Girl em 2007 e Os Gatos Não Têm Vertigens em 2015. Todas estas obras refletem a realidade portuguesa desenvolvendo temas envolventes questões políticas, económicas, identidade cultural e mesmo relações humanas.

Para além da sua carreira como cineasta, António-Pedro Vasconcelos fez parte de projetos televisivos e teatrais o que fortaleceu a riqueza do panorama cultural do país. O cineasta é também conhecido pela sua luta e ativismo no que toca aos direitos dos artistas e na promoção do cinema português a nível internacional.

Vasconcelos foi um dos fundadores da V.O. Filmes, da Opus Filmes e da cooperativa financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian, Centro Português de Cinema. Foi também apresentador do programa Cineclube na RTP2, crítico literário e cinematográfico sendo, ao mesmo tempo, chefe da redação de O Cinéfilo, colunista da Visão e diretor de A Semana e ainda autor de Serviço Público, Interesses Privados em 2002. 

O cineasta foi ainda provedor do leitor no desportivo Record, em 1985, a pedido do Ministro dos Negócios Estrangeiros, representou Portugal no Fórum Cultural de Budapeste, foi presidente do grupo de Trabalho do Livro Verde para a Política do Cinema Audiovisual que na altura era dirigido pela Comissão Europeia. Chefiou também a Associação Portuguesa de Realizadores entre 1978 e 1984, o Secretariado Nacional do Audiovisual entre 1991 e 1993 e o Conselho de Opinião da RTP entre 1996 e 2003.

Para além da carreira enquanto cineasta e jornalista, Vasconcelos foi professor da Escola de Cinema do Conservatório Nacional e coordenador executivo da licenciatura em Cinema, Televisão e Cinema Publicitário da Universidade Moderna de Lisboa. A 10 de junho de 1992, António-Pedro Vasconcelos foi atribuído o grau de Grande-Oficial da Ordem Infante D.Henrique pelo Presidente da República, Mário Soares.

Vasconcelos casou pela primeira vez a 21 de agosto de 1961 com Maria Helena Marques da qual se divorciou em 1966 e da qual tem um filho e uma filha. Voltou a casar 9 anos depois, em 1975 com Maria Teresa de Carvalho de Albuquerque Schmidt com a qual teve um filho. 

Na noite de 5 de março de 2024, António-Pedro Vasconcelos faleceu aos 84 anos no Hospital da Cruz Vermelha em Lisboa, vítima de uma pneumonia.

Testemunhos

Paulo Nuno Vicente

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